AMOR INFINITO AMOR

Arrasta-te leprosa,
ó, tez rachada às sardas taciturnas!
Açula-me, quiçá sonhar-te um dia a dizer:
-“Tua”?

Buço gasto pelo fumo.
Mancas capengada,
perdulária em muleta remendada,
teus derrames tísicos, desgraçados.
Eis que disposto em parresia,
dou-me ao teu par à hora de um dia!

Os sulcos consomem,
face esquálida...
Paixões reveladas
à dentição rebentada
em cuspes prazenteiros
e hibridas secreções versejadas.

Ora, lançado neste sentimento tão profundo,
ensaio-te à língua e também escarro meu sangue
e cigarros pelo mundo.

Armo ainda,
penetrar tuas alcovas mais íntimas,
dilaceradas, arrefecidas.

Mesmo já vazados os teus miseráveis olhos
e os bustos hoje pequenos, murchos.
Hora intumescidos,
putrificados pelo tempo,
noutros arrebois sepultos.

Mesmo já mefíticas
tuas calejadas e ossificadas
gracejas gorduras;
sebáceas glândulas diminutas...
Gozaremos em cama de lírios ressequidos,
entre a poeira dos terrenos cemiterianos
e urna compensada.

Só o silêncio sofrerá
à rijeza do nosso coito mariano!

(RODRIGO DE OLIVEIRA)

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1 Comentários

  1. poema sodomista e babilônico. a musa lírica é sempre Jezebel. os seres humanos são frutos de umas pentadas violentas.

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