Pensando arquitetura a partir de Espinosa

A noção de livre arbitrio é um idealismo, por consistir em arbitrar em um mundo que não existe e tentar impor em um mundo que existe. Para Espinosa não há uma segmentação de dois mundos, um real e um ideal onde habita a razão pura que suprime os desejos, mas apenas um mundo real, onde a consciencia e os afetos são força para agir.


O homem segundo Espinosa age pelo connatus - capacidade dos seres de lutar pela auto-preservação - e pelo qual está ligado o aumento da potencia. O humano o é por reconhecer a realidade e agir para a preservação de si próprio. Porém o homem apesar de ser singularidade, é parte de um todo (somos parte de um grupo, parte de uma espécie, parte de uma universalidade) e cujo valor de auto-preservação é o valor da preservação do todo.

Diferente da concepção de liberdade que visa uma culpa a ser expiada, considerando uma separação entre um tempo corpóreo e um tempo póstumo, o principio de liberdade está intrinsceco ao principio da busca humana pelo que lhe é util, em buscar o aumento da potencia no que existe. São as estruturas reais que contextualizam os fluxos de luta e vida dos homens. Assim a eficiencia em Espinoza, está ligada a colaboração, comunicação e união das diversas singularidades em redes constituintes de potencias.


A produção da arquitetura sob esse prisma seria o resultado de um processo de percepção dos contingentes reais, considerando a importancia do todo em relação a parte. Por exemplo, sobre a habitação, que é tematica abordada neste jornal, temos que compreender que o morar não se fecha em si, mas implica fluxos de trabalho, educação, lazer; que para um homem que mora em sepetiba e trabalha no centro da cidade ou estuda no Fundão por exemplo gasta cerca de duas horas dentro de transporte público na ida e duas na volta, tempo este que lhe é roubado do dia, visto que um trabalho de oito horas passa a ter doze horas por exemplo.


Além disso o processo construtivo da habitação em si é fruto de um conjunto de singularidades que se relacionam, arquitetos, engenheiros, pedreiros, marceneiros, cujo trabalho depente tanto da tecnica e conhecimento quanto da comunicação entre todos. O trabalho do arquiteto torna-se eficiente quando conhece a potencia de trabalho destas singularidades, parte das constituições do real, e transforma o espaço a partir dessas condições.
             O processo criativo da arquitetura é revolucionário a medida em que ele nasce da leitura critica das contradições espaciais e construtivas, que por sua vez articulam-se as contradições sociais gerais, e propõe caminhos de transformação capazes de romper com o processo de subordinação das estruturas sociais, e não necessariamente buscar algo completamente novo e nunca antes imaginado


Trazemos aqui agora um exemplo do projeto Teton Valley Community School , o projeto teve como principio o amplo debate com professores, estudantes e outros membros da sociedade e o fundamento do projeto nasce desses grupos de trabalho

participação dos estudantes no processo de pensar que espaço é este onde se desenvolveria a escola:




Resultado , proposta de implantação da escola no terreno




Estudos de soluções ambientais e técnicas




Perspectivas da proposta final:




O projeto pode ser visto na íntegra no openarchitecturenetwork, pelo link http://openarchitecturenetwork.org/projects/3991


No open architecture network encontramos diversos projetos que são executados em redes colaborativas de arquitetos engenheiros e diversos, sob licenças do creative commons.

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