Crítica "O Bem Amado"

“O Bem Amado” é uma das estreias nacionais mais esperadas. E faz jus à fama. Depois do sucesso na televisão e no teatro, aporta agora nos cinemas. É produção da poderosa Paula Lavigne, direção do  fantástico Guel Arraes – quem também assina parte do roteiro junto com Claudio Paiva – , com música de Caetano Veloso e com Marco Nanini, Tonico Pereira, Zezé Polessa, Andrea Beltrão, Drica Moraes, Bruno Garcia, Caio Blat e Edmilson Borges no elenco.
A sinopse é muito atual. Escrito na década de 60, a peça no original configurava bem o painel político e ainda configura. A história ddo prefeito corrupto  Odorico que desvia dinheiro público para a construção de um monumental cemitério na fictícia Sucupira, que até então não o tinha. Como todo político tem a oposição, aqui ela é representada por ninguém menos que Tonico Pereira no papel de Vladmir, sendo  também redator do jornal Trombeta.  Depois de um ano de construído o cemitério não é inaugurado, porque não há mortos na cidade. O que causa frustração no prefeito  e alegria na oposição, que usa como argumento sua campanha.
Sem estender demais na sinopse já  conhecida por muitos, este filme tem a cara do cinema nacional e da presente situação do Brasil em época eleitoral. O texto de Dias Gomes foi muito bem adaptado por Guel Arraes e Claudio Paiva; fazendo uso de expressões como “know-how cangacista”, ou “despido streap teasicamente”, ou até mesmo “sujeito bifacial”; coisas que só Odorico poderia falar. Causando na plateia gargalhadas e reflexões. O filme é mais que entretenimento, é denúncia. Mostra também um ciclo de maus governantes (sai o sujo e entra o mal lavado).
Fica claro que o elenco foi escolhido à ‘dedo’. Não  vejo “O Bem Amado” sendo feito por outros que não eles. Todos afinadíssimos. Com exceção de Maria Flor, que como sempre está apagadíssima, sendo desnessária sua aparição. Aliás, o casal de enamorados formado por ela e Caio Blat totalmente dispensáveis. As narrativas de Blat, porém se tornaram muito bem construídas, mostrando a configuração da situação política. Edmilson Borges brilha como o coveiro que quando bêbado toma partido da oposição e quando sóbrio é o mais fiel empregado do prefeito, uma pequena alusão ao personagem brechtiano Sr. Puntilla, de peça homônima.
A narrativa adotada por Guel transforma o filme num grande espetáculo cinematográfico. Se utilizando de diferentes recursos narrativos para contar a história divertidamente. Uma delas a fotonovela, que garante muitas risadas.
A trilha, figurino, montagem e direção de arte são impecáveis, embasbacando o mais crítico dos críticos. O filme tecnicamente é perfeito. Em tempos de eleição, “O Bem Amado” deve ser decretado como obrigatório para todo o eleitor. Uma das principais estreias nacionais do ano, se não for a principal.

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