Crítica - "Nosso Lar"

O longa é uma adaptação da obra homónima de Chico Xavier. Narra a história do recém desencarnado André Luiz, que morre e é apresentado à sua nova condição, através dos ensinamentos espíritas. Os efeitos especiais mostram preocupação com a qualidade técnica e o não amadorismo dos profissionais envolvidos. O filme tem suas especificidades técnicas e seu público é restrito.
No início do longa a montagem fragmenta duas partes da trama, explica como André Luiz chegou ao ‘purgatório’, intercalando imagens no plano carnal e espírita. No decorrer da história, os espectadores descobrem o porquê de André vagar em tal lugar, sendo desnecessária a sua explicação inicial. O roteiro também possui algumas falhas, tendo diálogos redundantes e conversas sem construção muito elaborada; mas essas falhas se devem mais à dramaturgia da obra original do que o roteiro em si. A fotografia varia de acordo com o plano: no carnal ele colore a vida da personagem principal; no Nosso Lar, o diretor de fotografia optou por mais clara, a fim de transpor a serenidade do local e já no purgatório onde a personagem inicia a trama, foi optado por um tom mais escuro.

As atuações transpõem a seriedade dos atores na crença. Por ter uma experiência teatral com espetáculos espíritas, Renato Prieto também demonstra seriedade e conhecimento da personagem e das doutrinas; mas não é o ator mais exímio do longa. Já Aramis Barros, que faz uma pequena participação, consegue em poucos minutos roubar o foco com seu talento e timming de humor.

“Nosso Lar” pode representar o início da produção de filmes espíritas de grande porte. Apresentando a expansão do cinema brasileiro em diferentes gêneros. Diferentemente dos filmes católicos, este apresenta qualidades técnicas indiscutíveis, mesmo tendo problemas na montagem e roteiro. Os céticos não devem se dar ao trabalho de vê-lo, este é um filme para pessoas que acreditam nesta doutrina

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2 Comentários

  1. Concordo. Este é um filme com público certo: os espíritas. E provavelmente as bilheterias vão mostrar que a população brasileira não é tão católica quanto costuma parecer em pesquisas do gênero.

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  2. tá aí, vocês tiveram uma percepção muito sagaz

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