Crítica - O Garoto de Liverpool

“O Garoto de Liverpool” é a biografia de John Lennon, durante sua juventude e quando iniciou a banda que originaria os Beatles. Além disso, mostra a delicada relação de Lennon com sua mãe e a criação que lhe foi dada pela tia – interpretada por Kristin Scott Thomas-.

Aliás, antes de escrever sobre o filme, dedico este parágrafo à Kristin. Ela conseguiu imprimir a dificuldade da tia em revelar sua fragilidade e apreço pelo menino - tendo em vista que o sobrinho era o rebelde Lennon-. Kristin adicionou pausas e olhares, que transpõem à tela tudo que ela poderia ter dito, mas não o fez, apenas fitou.

Kristin é um dos pontos altos do filme, valendo indicações à prêmios. Mas os demais atores também não desapontam, apenas ficaram ofuscados pelo talento dela. Aaron Johnson (de Kick Ass) conseguiu mais um papel desafiador em uma boa produção, comprovando seu talento e versatilidade. Ele dá vida ao jovem Lennon, em seus anos de rebeldia.


O que acontece é que Lennon tem um reencontro com sua mãe, justo na fase mais difícil: a adolescência. Ele, que foi criado pelos tios, passa a viver suas dúvidas acerca de sua origem, ao mesmo tempo em que inicia a formação de uma banda de rock’n’roll (ele queria ser tão famoso quanto Elvis). O interessante é também ver os modismos da época, podendo traçar um paralelo entre o topete de Elvis e a franja de Justin Bieber (avaliar a qualidade, apenas modismo mesmo).

A tia tem o papel da mãe ‘linha dura’, enquanto a mãe, é super rock’n’rolll e ainda não saiu da adolescência. Essa delicada relação deles é o grande motim do filme. O jovem querendo entrar na vida da mãe ao mesmo tempo em que a repele por tê-lo abandonado quando criança, ela tentando entrar na vida dele – mas fazendo a linha amiguinha de bar e shows de rock- e a tia tentando colocar juízo na cabeça dos dois roqueiros e conquistar seu lugar na vida do sobrinho.

Tudo ia de mal a pior até que Paul entra na vida de Lennon. Um dos motivos pelos quais a dupla deu certo em seus anos áureos foi seu antagonismo: enquanto John era emoção e rebeldia, o jovem Paul era racional e empreendedor. Foi ele que incentivou John a escrever as músicas da banda e ele foi o ponto catalisador quando a mãe de Lennon morreu (já que sua mãe também havia morrido). Os dois eram como Ying e Yang. Mas sem sombra de dúvida, o jovem Paul tinha mais conhecimento e técnica do que John.

Para os beatlemaniacos que esperam ir ao cinema e escutar na trilha do filme os sucessos de Lennon, é bom ‘ tirar o cavalo da chuva’, o máximo que escutarão é o primeiro acorde de A Hard Days Night no início do filme e Mother nos créditos finais, esta última é uma belíssima canção que exemplifica toda a juventude dele. A história de Lennon não poderia ter sido melhor narrada.

Ficha Técnica

 

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