SUJEITO TACITURNO

.

Um homem magro,
esquálido e taciturno.
Vestindo um terno amarrotado
quase roto.

Por debaixo do braço
esquerdo
carrega uma garrafa
mal-embrulhada de Velho Barreiro.

O sujeito estonteado,
estatelado, escorrega.
Bate com a face no poste.
Caído. Ele puxa do fundo
da algibeira,
um cigarro envergado
guardado
de anteontem.

Há um despacho bem ali.
Penas picotadas de galinha preta.
Um alguidar com farofa abundante.
Um copo de vidro com cerveja quente
e um cálice de licor de anis
com frutas cítricas –
além, de sete velas acesas.

O matuto maltrapilho se arrasta.
Acende seu cigarro em uma das velas.
Com apenas duas goladas, bebe,
vomita todo o farelo da farofa
e todos os resíduos das frutas.

Ao chegar em seu prédio,
desaba feito pedra
na entrada.
O porteiro somente se dá
o trabalho de enlear-
lhe com a coberta.




Poema extraído do livro VISCERAL
de Felipe Rey

Postar um comentário

4 Comentários