O inimigo do meu inimigo é meu amigo?


Nos últimos meses as revoltas árabes exigindo reformas políticas, que em alguns casos poderíamos chamar até de revolução, tem sacudido o mundo. Sendo veiculadas pela grande mídia burguesa e também pela mídia alternativa. Não é pra menos: vários governos que estavam no poder a décadas foram derrubados por issureições populares e isto é louvável. Como sabemos a maioria das monarquias e/ou ditaduras árabes são ardorosamente apoiadas pelos EUA e pela União Européia para garantir o petróleo barato, como é o caso dos governos comprados da Arábia Saudita (o maior exportador de petróleo do mundo), o Egito, que recebia bilhões de dólares dos EUA por ano, Jordânia; Afeganistão e Iraque com seus governos fantoches invadidos na última década, além do aliado número 1: Israel é claro. Sem contar muitos outros na península arábica e no mundo árabe como um todo.

As principais exceções a este alinhamento com os EUA/UE na região são o Irã, a Síria, a Líbia e parte do governo palestino, como o Hamás. Que desde o governo Bush, estão constantemente ameaçados de invasão militar, estando o governo os EUA à espera (mas se demorar muito, ele o fabricam) do pretexto para tirar estes governos e colocar seus aliados no poder.

Vejamos o caso da Líbia: antes do Cel. Muammar Kadafi assumir o poder em 1969, quem governava era o Rei Idris I, apoiado pelas potências ocidentais, cumprindo toda a cartilha do imperialismo, principalmente permitir à exploração do petróleo pelas multinacionais destas potências. Com o golpe de Kadafi, o petróleo foi nacionalizado e seus recursos foram usados pada desenvolver o país, o que fez da Líbia o país industrializado e com as melhores condições de vida na África, segundo o IDH da ONU, sendo este superior inclusive ao do Brasil até poucos anos. Vale ressaltar também o forte apoio dado por Kadafi à causa palestina.

É por estes motivos que o império mundial quer tirar Kadafi a todo custo e colocar no poder um governo semelhante ao do Rei Idris I, e não por nenhum pretexto humanitário. A bandeira que os rebeldes Líbios estão levantando é a bandeira do período da monarquia, subalterna às potências ocidentais, a quem os rebeldes estão pedindo para ajudar a derrubar Kadafi.

Aliás, porque não bombardear o Barein, ou derrubar o Rei Abdullah da Arábia Saudita? Reconhecidamente ditaduras. No caso da Arábia Saudita, a mais de dois séculos a mesma família governa o reino.
Apoiar o retorno da monarquia Líbia é tudo o que o império deseja, e infelizmente alguns companheiros da esquerda brasileira, estão levantando a bandeira da monarquia. Afinal de contas, "O inimigo do meu inimigo é meu amigo". Isso revela ou um desconhecimento da geopolítica da região, ou pelo menos um equívoco dos companheiros, pois com essa atitude, querendo ou não, estão apoiando a monarquia Líbia, cooperando com o as potências ocidntais.

Não quero com isso, apoiar Kadafi. A Líbia hoje é uma ditadura, e todas as ditaduras devem ser derrubadas, mas devemos tomar o cuidado para não dar um tiro no pé e apoiarmos o quem não queremos.
A geopolítica da região é muito mais complicada do que o título deste artigo. Acho que os companheiros deveriam pensar um pouco sobre suas bandeiras.

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3 Comentários

  1. Lendo o texto penso na postura burra do PSTU diante os acontecimentos no oriente médio. No caso da Líbia eles defendem este atual levante contra Kadafi, levante que é financiado e apoiado pelas forças ocidentais e tem como objetivo adequar aquele país a cartilha de exploração ocidental.
    Mais um erro de setores da esquerda, que é de se esperar do PSTU. Afinal não são eles que são contra Chávez, Fidel e etc.
    Bom texto Vitor

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  2. Com certeza Abel, é um erro estratégico esses apois de alguns setores que chamo de companheiros, pois acho que estão equivocados, sem com isso sermos rivais.
    É a mesma questão de fazer oposição à Chávez. Quam ganha com isso? A extrema-esquerda venezuelana? Acho que não...
    obrigado.

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