Mitos de uma bondade Suprema

“A força e o crescimento de qualquer paixão e a sua perseverança na existencia definem-se pela potência da causa externa em comparação com a nossa”  - Baruch Espinoza

Tudo pelo qual nós lutamos, ou nos dedicamos , sempre o fazemos movidos por impulsos de nossa natureza como singularidades. Tudo o que fazemos é por nós mesmos considerado algo bom. 

A forma como nos apresentamos para o mundo, nos comunicamos, nós buscamos divulgar o que seriam as condicionantes de uma possível perfeição, tem intrínseca relação com estes impulsos, não habita em um campo superior provido de pureza e idealismo.  Aquilo que é bom é algo imanente ao ser humano é tudo que julgamos poder permitir nossa existencia , alegria e vida racional.

O que é chamado de bem e mal, refere-se desta forma aquilo que nos é útil ou prejudicial em relação a conservação de nosso ser.  Sendo assim o que é bom, habita em um campo de relatividades do ser humano, não podemos dizer que há uma bondade unificadora e universal pronta, o que nos remete a máxima do senso comum de que: “o que é bom para uns não o é para outros.” além de que o que é bom para um hoje pode não se manter bom amanhã.

A construção de um caminho de bondade não passa  pela concepção de uma idéia etérea que habita no alto e que paira sobre nós da qual nós devemos absorvê-la e vivenciá-la, mas sim por um conjunto de correlação de forças e afetos que estão em constante movimento em nossas vidas impulsionados pela nossa relação de existencia no mundo.

Sendo assim podemos perceber que o caminho do que seria um  comum, é o que nos permite  fazer todos os conjuntos de afetos e forças que temos se chocarem, e a partir do encontro fortalecerem a mutabilidade do ser humano.

Nós como seres humanos temos de nos permitir a compreensão de somos mutáveis, e que estamos em constante mudança, cujo movimento é fruto dessa comunicação das forças e afetos que nos levam a construir uma experiencia comum.

Sendo assim, podemos compreender que qualquer questão “moral” que temos ou desejamos, não parte de uma estrutura pré-definida em um campo de existencia transcendente ao qual temos que alcançar, mas de uma existencia imanente que habita na fluidez da experiencia e convivencia humana.

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