Quem nos corrompe?

Nesses últimos momentos muito tem-se discutido e levantado contra a corrupção, no linhas de fuga hoje queremos deixar uma pequena reflexão sobre isso e os cuidados que devemos tomar com a pluralidade de discursos anti-corrupção que temos por aí.

Primeiramente queremos compreender um fator: – Por que só se entende corrupção como um ato relacionado a partidos políticos e parlamentares?

O ato de corromper-se está somente neste campo? será que uma sociedade onde a “janela do mundo” – (sistemas de mídia de poder nacional) – só nos mostra o que ela quer mostrar e com o discurso que ela quer nos passar não é uma corrupção a verdade do que acontece, e mostrar a nós um mundo que esta quer que vejamos?charge1

Ao executar mega-obras patrocinadas pelo sistema governamental, grandes nomes do setor empresarial não deveriam responder como corruptos?

Ao manter imóveis fechados, sem nenhum uso produtivo em um País onde o acesso a terra e infra-estrutura urbana é um problema sério, estes proprietários não estariam sendo corruptos?

  A corrupção não é apenas uma questão moral congressista, relacionadas a determinados indivíduos que estão em um poder de governo, corrupção abrange um campo muito maior na relação de poder na luta de forças distintas, a questão é porque combater umas e simplesmente naturalizar outras?

Outro cuidado que devemos ter é, que a bandeira moral contra corrupção sempre foi utilizada na história como palanque de fortalecimento de líderes que após assumirem o poder se mostraram muito mais nocivos do que aqueles que antes ocupavam este espaço, entre eles podemos exemplificar Hitler em cujos discursos considerava um dos maiores males da sociedade a corrupção dos sistemas democráticos, podemos citar no Brasil a Marcha da Família, que num discurso anti-corrupção apoiou os governos ditatoriais militares. 

Atualmente no Brasil, tal discurso tem voltado a tona como forma principalmente de desgastar políticamente o governo vigente, e com qual interesse? a troca deste por outro?como se outro governo fosse a solução?

Quando olhamos de perto a conjuntura política de nosso país o que vemos é um governo que produz um crescimento econômico uma leve distribuição de renda, um aumento do crédito favorecendo o aumento da sensação de bem-estar e isto tudo sendo feito sem ferir as relações do poder capitalista, e de outro lado vemos os grupos de direita , que passam para nós uma visão turva de que estamos sobre um governo “ditatorial de esquerda comunista” , porém estes mesmo grupos de direita não tem uma pauta de governabilidade diferente eficaz para apresentar a sociedade, e decidem vender o seguinte discurso  - Fazemos melhor pois não teremos esta corrupção no congresso. – Com o único interesse de retomar o Poder.

O que temos em nosso quadro político são grandes partidos desejando o Poder pelo Poder, usando de todos os seus instrumentos para desgastar o outro, cabe a nós decidir se queremos ou não ser instrumentos destes partidos nestas lutas pessoais deles.

Alguém questiona que independente do governo que esteve ou está, seja qual partido for, empresas da grande mídia por exemplo nunca perdem a concessão de suas redes de TV? ou que as mega-obras e licitações são sempre ganhas pelas mesmas empreiteiras?   Alguém, por exemplo, questiona a re-estatização de empresas como a VALE cuja privatização foi realizada a um preço subvalorizado?

O que consiste então nesta luta contra corrupção, qual o resultado efetivo desta luta? navegar na superfície dos problemas lutando para trocar seis por meia dúzia?

O neo-liberalismo é um modelo íntimamente ligado a corrupção, amarra o poder  político as decisões do poder econômico, é ilusório pensar que eliminar a corrupção eliminará o mal, tratá-la como um câncer é um erro de diagnóstico, de um pensamento sanitarista, onde mantendo a analogia podemos perceber a corrupção como um dos sintomas do cancêr que vem a ser o sistema capitalista como gestor do mundo; e este sim o verdadeiro cancêr a ser expurgado.

Uma luta anti-corrupção é uam luta de discurso frágil, pois ela não direciona a uma solução real, sequer propõe uma solução reformista eficiente, pois o porvir desta luta pode nos abrir as mais diversas portas, todas carregadas com o mesmo problema, a corrupção do poder.

O verdadeiro ataque tem que ser uma investida contra a forma de poder supremo altamente excludente e extrativista do sistema e não a um determinado governo. Como no xadrez, não ganha quem derruba mais peões, ganha quem derruba o rei, e no nosso caso o rei é o Império Global do Capitalismo.

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