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Eu sou quinhentos, quinhentos e doze
sons e ações retumbam no centro em que estou
óh fornavalhas combuscortando meu corpo
se eu EU mouro no morro morrer,
irei antes à Bahia-Minas de novo
abro aço do meu peito as mil dores em palhavras
e transformo-as em lânguidas batidas de um violão de nylon
eu sobrepiso a terra como quem distribui às fartas
nos ônibus e metrôs lotados a realização dos desejos incubados
eu sou quinhentos, quinhentos e doze
a república de um Brasil que eu inversinventei pra mim
mas tenhamos saliência a sapiência,
periquitas minimiúdas
só o aquecimento é que condensa
a minha mente com alto teor onírico.
- samploema de 'Eu sou trezentos de Mário de Andrade'
*1922 - o ano que (pra poesia brasilêra) nunca acabou
3 Comentários
Boooa Rey!
ResponderExcluirSempre brincando com as palavras
"eu mouro no morro morrer" foi mandado! rs
abç ae, e vamos colocar pra frente o projeto do livro coletivo dos Camaleões. Já separa uns cinco pra gente botar pra frente.
belo em versos, prosa e poesia, poeta?
ResponderExcluirnão, inversinventador...bravo, bravíssimo.
Eu Sou Trezentos...
ResponderExcluirEu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh ! Pirineus ! Ôh caiçaras !
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro !
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis,
nas camarinhas seus próprios beijos !
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
- M. de A.