mobilidade e divergência

Entre passagens de uma cidade toda recortada, ficamos, a cada dia, mais distantes do direito básico de ir e vir. Não estamos em meio a uma guerra, não estamos sendo caçados por pensar sobe determinada ideologia ou alienação, estamos apenas diante da lei da meritocracia, respeitando-a. Pois sim, não temos um tostão e por isso merecemos não tomar nossas barcas rumo ao trabalho, é nosso direito mediante nossa condicionante não termos um sistema agradável e funcional de coletivos, e por isso merecemos cair de viadutos, é nosso alento ficarmos felizes e esperançosos com instalação de ônibus para fazer um serviço que caberia melhor ao metrô ou trem, é mérito nosso, nos consolar com o profeta: não temos nada diante do horizonte que se desenha além de vaidade.


Somos falidos, em meio ao legado máximo deste mega-evento, o legado do transporte e da mobilidade, longe de mim querer compará-los, fazê-los por sinônimos. Não o são! Fique bem claro ao leitor, uma coisa é transporte, outra bem diferente é a mobilidade. Trilhos velhos de onde descarrilam trens na hora do rush é Transporte,  carroceiros que catam latinhas durante a madrugada para sobreviver é Mobilidade, uma mobilidade nômade, que se descreve nas bordas do urbano onde a legalidade e a legitimidade se embotam e onde  só se separa o direito de morrer do direito de subsistir, é lá a fronteira onde aos poucos todos estamos chegando, o lugar em que transporte e mobilidade produzem nada mais além do antagonismo.

Por falar no mérito que nos cabe de não ter um tostão, e pelo direito a liberdade, prolixidade e devaneios que um blog permite, soube a pouco a respeito do fator X, que junto com certos governantes com síndrome de imperadores  está também falindo, mas para o fator X a meritocracia não funciona tão plena como para conosco, pois sempre há um imperador a lutar, construir subterfúgios, perdoar dívidas, ou apenas fazer vista grossa na tentativa de salvar da queda os que parecem nunca cair, e sempre tem terras passíveis de ser "melhoradas" pelas mãos desta união civil,  porque não dizer um casamento, entre os que tem poder, bom talvez se disser casamento, a Santíssima Sé nos condene por apoiar práticas inaceitáveis, e não falo de extorsão  ação abusiva do poder policial, negociatas, remoções, lenços na cabeça, falo só do conceito de que deus nãos os criou para casar. Porém diante dos homens e da justiça e de Deus , estes Imperadores brincam de ir e vir com nossa saúde, nossa moradia , nossa educação e nosso transporte.

Assim, um homem a caminho da falência pode ter direito a uma ajuda governamental para garantir um refrigério de seus projetos megalomaníacos de enriquecer enquanto a nós cabe a certeza de que bilhete único não nos fará entrar nos estádios para ver jogos da copa, e a probabilidade de que talvez nem tenhamos um estádio.




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