Apesar do Jabour, "nossa revolução é através do amor".

Texto escrito por Carlos Meijueiro
originalmente encontrado aqui: 
https://www.facebook.com/carlos.meijueiro/posts/536580053045865

Apesar do Jabour, "nossa revolução é através do amor".

Segue o relato do meu irmão Marcell Carrasco a respeito do perrengue que ele e o meu outro irmão Thiago de Souza passaram hoje nas redondezas do antigo Maraca durante uma manifestação pacifica. Assim como o Pedrão que sofreu em SP, eles dois são antes abraços do que qualquer outra coisa. 

As palavras são duras, e pela maravilhosa pessoa que é ainda consegue sorrir no meio disso tudo, e tomar uma gelada. 

Há quem prefira polícia, eu prefiro poesia. 

"Manifestação pacífica, flores e cartazes lindos levantados por pessoas (das mais diferentes classes e idades) que se concentravam perto da estação de São Cristóvão. E nossas únicas preocupações eram de fazer um ato totalmente sereno , exercer nosso direito de cidadãos e lutar por uma cidade mais justa! 

De repente escuto um estrondo, e mais outro, e outro, e outros. Ao meu lado um gás começa a subir, a confusão começa. Pego meu amigo Thiago pelas mãos e tentamos sair bem rápido da li. Mas era tarde, já não conseguia enxergar mais nada, só queria achar um ar para respirar. Quando consigo retomar a consciência, percebo que estou sem o Thiago e logo atrás está vindo a tropa de choque. Não deu para procurar por ele, só me bastava correr! Queria entrar em alguma rua, mas o choque já havia fechado tudo, nos encurralado no meio da rua, não tinha pra onde fugir. Era esperar para tomar porrada e ser preso. Após um longo período tomando bomba de gás lacrimogêneo e de efeito moral, uma luz surge e uma rua sem policias também. É ali que eu entro e dou meia volta para procurar por Thiago. 

Nesse momento já havia conseguido falar por telefone com ele, que havia ficado para trás e conseguiu se “esconder” dentro da estação de metro de São Cristovão. Após uma boa caminhada, já que eu só consegui voltar quando já estava na Praça da Bandeira, nos reencontramos na passarela da estação. Após um abraço apertado, mal conseguimos conversar, descemos para onde estava uma multidão que se aglomerava na frente Quinta da Boa Vista e tentava retomar o manifesto. 

Que nada, o bicho começa a pegar de novo. Mais uma vez o choque vindo atrás descendo o cacete e a correria toma conta da multidão. Alguns conseguem permanecer na rua, outros são encurralados dentro do parque (desses não sei qual foi o fim). Por sorte, eu e Thiago permanecemos na rua, porém, com um batalhão de policiais vindo atrás para nos pegar. Dessa vez eles também estavam de moto! Enquanto corríamos Thiago resolve parar e deixar os policiais passarem, já que não aguentávamos mais correr. Com as duas mão na cabeça, “rendidos”, resolvemos diminuir o passo e esperar. Nesse momento um policial desce da moto e com uma bomba de gás na mão, diz: “Corre que eu to mandando! se vocês ficarem parados aí eu vou pegar vocês”. E foi aí que eu disse, “Thiago, CORRE”. Enquanto corríamos, o policial passa de moto jogando spray de pimenta na nossa cara. QUE HUMILHAÇÃO!!! 

A fuga só termina dentro da famosa VM (vila mimosa). Que ironia do destino hahahahah fugir da polícia e se esconder dentro do puteiro! Mas enfim, voltamos para casa. Cansados, olhos ardendo e adrenalina a mil... Paramos para tomar uma cerveja e tentar acalmar.. Nunca uma cerveja desceu tão bem, sentados ali refletindo, foram 3 garrafas como se fossem 3 copos. 

Em casa agora estou, na frente do computador, escrevendo esse texto com as lágrimas descendo. Mas com a esperança de uma sociedade que cansou de ficar estagnada esperando dias melhores. 

Nossa revolução é através do amor

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