O
grande movimento nacional de rebeldia parece estar em refluxo. Muitas
coisas ainda estão para acontecer o que pode reanimar as mobilizações.
Aqui no Rj um próximo marco vai ser o ato no Maracanã neste domingo. No
entanto, acredito que já podemos fazer um balanço, mesmo que provisório
de toda esta movimentação. Em primeiro lugar, acredito que do caos
momentâneo alguns resultados já estão expressos.
1) demonstração de como a esquerda partidária burocrática, maioritária
nos sindicatos, dces, grêmios e etc não consegue acompanhar o fluxo dos
acontecimentos , fortalecer-se e galgar grandes êxitos. Seja por conta
de leitura equivocada de realidade, ou mesmo pela cultura política
aparelhista, burocrática e institucionalizada ao qual estão
condicionadas.
2) Um outro resultado é a captação do distúrbio pelo
poder dominante, no sentido de se atualizar e sofisticar para a
conjuntura dos grandes jogos. Hoje, muito mais do que antes o sistema
está preparado para enfrentar movimentações contra as mega empresas e
governos que lucram e promovem-se com a copa e olimpíadas. Uma polícia
mais experiente e organizada, além da construção de uma mentalidade de
suporte para ações repressivas junto ao povo está sendo processada.
Vândalos vão ser os terroristas a serem punidos e criminalizados ao
extremo pela lei da copa e contra o terrorismo. Claro que junto a isso
uma criminalização dos movimentos sociais mais organizada e legitimada
também será o tom.
3) Os movimentos mais radicais e horizontalizados
parecem encontrar-se em uma sinuca de bico. A ação direta e contribuição
com a instabilidade momentânea, a médio e longo prazo dificilmente pode
ser revertida em frutos para estas forças. Que no geral não possuem
base social sólida para respaldar o radicalismo, e nem mesmo alvos
concretos que façam suas pautas se diferenciarem de uma agenda de fácil
captação pelo poder em processo de reformulação. Quebrando-se janelas
acaba-se fortalecendo as fundações.
4) O trabalho de base a médio longo
prazo, sem o distanciamento das lutas atuais, e formas de organizações
mais fluidas são o caminho mais coerente para captar de melhor maneira
tudo que esta acontecendo.
5) Como o poder de controle mudou, também é
necessário os que se rebelam mudar. Sendo assim ,faz-se necessário
pensar maneiras de se fortalecer em estrutura e organização para dar
conta deste novo momento.
Alguns Falam em primavera novamente,
outros em rebelião popular. Acredito que o quadro atual é muito mais
complexo do que tais delineamentos. Passamos por um momento de
distúrbios, que servem como válvula de escape para diversas demandas.
Mas os resultados deste processo vão ser definidos pelo embate de forças
de apropriação. E na conjuntura atual, devido a composição da massa que
se rebela, da consciência dos que se levantam, e da organização e
potência das forças que se enfrentam. Não consigo perceber nada para
além de um momento de reformulação do poder dominante e um momento para a
esquerda se reinventar e se fortalecer.
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