Em Memória ao Camelô e Jornaleiro falecido dia 6 de fevereiro


Ele era vascaíno, casado, tinha uma filha já adulta, trabalhador, muito trabalhador, morador do subúrbio, Tasman Amaral Accioly se não nos enganamos, pois todos os conheciam por suas diversas alcunhas, vascaíno, meu coroa, meu velho. Esse é o retrato de um suado dono de  uma banca de jornal na Tijuca, situada ali na São Francisco Xavier com Moraes e Silva, banca esta que comprou com o que recebeu de sua aposentadoria e lugar onde fazia seu complemento de renda. Quando não estava nas bancas, nos fins de semana trabalhava à noite, era camelô na Lapa, a luta necessária de trabalho para um aposentado viver com dignidade neste país.

O Velho era um Senhor de 72 anos que ralava sol a sol, madrugada a madrugada, era conhecedor assíduo do bairro de Vista Alegre, um bairro querido e pequeno do subúrbio carioca, próximo a irajá, quase ninguém conhece, pois é um destes bairros que não tem trem. Atualmente era morava eo Vila Isabel quase Andaraí, não sabemos dizer  muito mais a respeito deste Senhor para além do que temos, só o que sabemos é que era uma figura doce, arrumava troco pra os amigos e sempre tinha uma história pra contar. Sexta-feira não dispensava o chopinho à frente da banca, afinal ninguém é de ferro.

O Velho vascaíno nos deixou, no dia 6 de fevereiro de 2014, atropelado na Avenida Presidente Vargas, fugindo da inconsequente chuva de bomba de gás lançada em cima dos manifestantes. O velho faleceu no dia em que Santiago foi atingido, pelo rojão inconsequente  de um manifestante, hoje dia 10 de fevereiro de 2014, também partiu Santiago, a segunda vítima de uma manifestação repleta de conflitos inconsequentes e falta de diálogo do estado com o povo.

O velho era trabalhador, camelô e curiosamente o elo final do mesmo sistema a qual pertencia Santiago, A Imprensa, Santiago era a primeira etapa da produção, filmar, fotografar, estar no local, Tasman era uma das últimas etapas da produção, vender este jornal ao leitor. Tão próximos e tão distantes.

Hoje conhecemos muito a respeito de quem foi Santiago, grande cinegrafista, repórter e trabalhador, pai de família, através da imprensa tradicional, baseado nisso traçamos esta linha de fuga para conhecer um pouco de Tasman Vascaíno, aposentado, jornaleiro e camelô, um amigo suburbano gente boa que nos deixou.


Dedicamos este pequeno texto aos familiares do velho, e ao amigo Rafael Alex Monteiro, uma voz que vimos chorar pelo seu amigo jornaleiro, camarada com quem dividia boas histórias e o amor pelo vasco.

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