Lula foi o principal cabo
eleitoral de Dilma nas duas eleições, o PT aceitou pela manutenção no
poder, todos os abraços e apoios que lhe foram dados, principalmente
vindo de alas ultraconservadoras, agora
diante de um momento em que tem que assumir os compromissos com seus
apoiadores principais nomeando ministros, alinhando-se com ações mais
conservadoras, só resta ao partido tentar construir um caminho mítico
para se manter no imaginário a esquerda.
Este caminho é
o que faz Lula hoje ser o principal opositor ao governo Dilma, que ele
mesmo ajudou a legitimar, e o faz a partir de uma aproximação com alguns
movimentos sociais. Sim, por enquanto ainda me vem em mente ser alguns,
não vejo uma aproximação do presidente em criticar as prisões políticas
que aconteceram no Rio de Janeiro, ou indo ao ocupa golfe abraçá-los e
ver o que está em jogo por lá, por tanto ainda considerarei o termo
alguns.
Que tipo de construção o PT busca? enquanto
elabora um governo super conservador e direitista, tenta ainda se
assumir como a única opção a esquerda para o país, e vai fazer em Lula
(seu símbolo maior), ressoar esta bandeira novamente, assim o partido
terá sempre a salvaguarda de que não consegue aprovar questões
progressistas devido a bancada ou as coligações, ao mesmo tempo em que
segura os movimentos sociais mais legitimados em suas rédeas, e
deslegitimando quaisquer movimentos sociais que são dissenso.
Assim, em 2018, o partido ainda terá uma nova porta, uma
oposição ao governo Dilma e uma esperança a tão sonhada e mítica guinada a
esquerda do PT com a volta de Lula, novamente fortalecido pelos
movimentos sociais, uma volta porém que não necessariamente representará
uma guinada a esquerda, apenas a continuidade do fisiologismo que o
partido está fazendo ano a ano em busca de sua manutenção no poder.
Neste contexto esquizofrênico em que o PT se assume como
oposição ao PT para a manutenção do PT no poder enquanto tenta por sob
uma mesma asa todos os lados e políticas em disputa no país é mister
pensar que, a cada ano que passa sobrará a quem reclamar ou não for
cooptado, a deslegitimação e a repressão policial e jurídica.
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