3.158 mortes em 24h


Nós, sanitaristas, dedicados ao SUS, sabíamos, desde antes da Constituição Federal sair do forno, que só o público consegue equacionar certas contas. 

Nós sempre soubemos que o privado não ia dar conta e ia precisar da gente.

Porque o privado não trabalha com saúde. Trabalha com doença. Explico: quanto mais doente você fica, mais consultas, mais exames, mais tratamentos, mais lucro. Só que quando tem muita gente doente, eles não tem "produto" suficiente pra oferecer.

Nós sempre soubemos que governos que apresentam suas propostas, insinuando que saúde é um gasto, que deve ser reduzido dos cofres públicos, iriam sucatear a saúde e enfraquecer o país e sua economia.

Saúde é um investimento econômico. Não só porque você garante mão de obra sadia pro trabalho (o óbvio, até para governos mais liberais), mas, principalmente, porque você evita custos com exames e tratamentos mais caros.

Nós somos contra o congelamento dos gastos da saúde. Nós queremos mais orçamento para a saúde. 

Nós sempre apoiamos a pesquisa. Porque ela alimenta o SUS. É a partir dos achados científicos que planejamos todo o cuidado dado à população.

É com respaldo da ciência que pensamos as melhores condutas e é por isso que cloroquinas só são utilizadas para o que realmente funcionam... Quando funcionam.

Nós sempre soubemos que é preciso fortalecer o ensino, porque é ele que vai formar agentes comunitários de saúde, enfermeiros, auxiliares administrativos, farmacêuticos, dentistas, médicos e toda sorte de profissionais necessários para manter a "máquina da saúde" funcionando.

Nós sabemos que é preciso fortalecer a Atenção Primária, a porta de entrada ao sistema de saúde. Nós dizemos que ela é essencial, porque é nela que se realizam os primeiros cuidados, a prevenção e a promoção da saúde. É ali que a gente ensina como se cuidar e como ser cuidado. Nós queremos fortalecer a Atenção Primária e não acabar com ela.

Nós somos a favor da vida. De todas! Até das que não nasceram nessas terras, mas aqui estão, seja pelo motivo que for.

Estamos tristes. Mas manteremos nosso compromisso social, político e ético com a vida.

Cuidem-se. Cuidem dos seus. Usem máscara. Mantenham a distância. Lavem as mãos. Usem álcool 70%. E quando chegar sua vez, vacinem-se e mantenham todas as outras medidas até a gente dizer que a pandemia acabou.

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