CASARTI eu quero é M.A.I.S.

Este ano o Centro Cultural Casa do Artista Independente reabre as portas em novo endereço, projeto encabeçado por Flávio Lima e Massari , o CASARTI (Casa do Artista Independente), existe desde (inauguramos em 13 de janeiro de 2006)  e tem como proposta a valorização do Artista Independente e fomentar a cultura e educação no subúrbio carioca.

Entre diversos projetos que já passaram pelo CASARTI podemos destacar o mpb de mesa que conceituava-se em dispor uma imensa mesa com diversos instrumentos para quem chegar tocar, o Subúrbio em Transe, o CASARTI invade a feira, que levava arte plástica, cinema e música pra dentro da feira.

Temos o prazer de apresentar aqui uma pequena entrevista cedida por Flávio Lima e Massari. 

mpb de mesa: diversos instrumentos, quem chegar toca.


LDF -  Como surgiu a idéia de construir o CASARTI?

CASARTI- O CASARTI surge da necessidade de espaços minimamente estruturados para o artista independente, de vários segmentos,  mostrar seu trabalho na zona norte do Rio de Janeiro.


LDF- Qual a proposta principal do projeto?

CASARTI- A proposta é valorizar, fomentar, difundir a arte e educação, de boa qualidade para a população do subúrbio carioca, abrindo espaço para o artista Independente.


LDF - Um dos grandes focos que vemos no CASARTI é a valorização financeira do artista, é proposta do espaço que todo artista que ali se apresente receba por isso, como o CASARTI vê a política de tocar por visibilidade?



CASARTI- Estamos cansados de ouvir a seguinte frase: “Participe do nosso evento que vai ser importante para dar visibilidade ao seu trabalho”.  Ora, trabalho tem que ser remunerado! É simples, afinal, estamos num país que se diz capitalista, certo?

Na maioria dos eventos, principalmente organizados pelo poder público, o artista que já tem mídia, recebe pelo seu  “trabalho”, no mínimo na casa dos três dígitos (nada mais justo) e o artista independente ou local, recebe um tapinha nas costas com a seguinte expressão:  Valeu! Seu trabalho é bom!

Sejamos realistas: esses dois artistas estão utilizando o espaço do evento, também  para aumentarem sua  visibilidade, não é mesmo? E porque só um deles, além de ser contemplado com a visibilidade é remunerado? Cada qual deveria receber o cachê que lhe é justo!
CSARTI invade a feira: aula de educação de artes plásticas na feira de rua
LDF - Vemos que o CASARTI tem se sustentado durante todos estes anos muito mais por força e financiamento pessoais do que por verba pública, edital e coisas do tipo,  na opinião de vocês o que poderia ser melhorado no sistema de editais e verba pública para fomento de cultura?

CASARTI- Já realizamos fóruns de discussões sobre Políticas Públicas de Cultura no Rio de Janeiro, participamos de pré-  conferências e de  Conferência Municipal de Cultura, na gestão de Jandira Feghali; elaboramos propostas que entendemos democráticas, com relação aos editais e a formulação de Leis. No entanto, o que vemos é que nas mais diversas instâncias, um pequeno círculo de virtuosos é sempre contemplado com essas verbas (pública ou privada quando se utiliza de incentivos fiscais). É uma ação entre amigos! Mas são todos muito simpáticos!

Jazz pras Nove,  as noites de sexta suburbana embaladas a Jazz



LDF - Mesmo antes da construção do CASARTI vocês sempre militaram pela cultura do subúrbio, conte-nos um pouco do que foi esta experiência. 

CASARTI- Fundamos o “Projeto Cantoria” em 1988, para fomentarmos a cultura de boa qualidade no subúrbio carioca. Trabalhar nesta área da cidade sempre foi o nosso eixo principal. À época, como não tínhamos uma sede, alugávamos espaços em bares e em outros espaços culturais para desenvolvermos nosso projeto, em parceria com jornais e rádios comunitárias.  Sempre apostamos no diversos saberes culturais da nossa cidade. A idéia sempre foi mostrar que existem outros fazeres culturais, além daqueles que a mídia oficial impões.



LDF- Em 2010 o Linhas de Fuga participou dentro do CASARTI do primeiro fórum suburbano de políticas públicas, um dos pontos debatidos e levantados é que apesar de termos muitas cadeiras e palcos públicos na região do subúrbio, o mesmo parece sempre  ter menos incentivo que outras áreas da cidade. O fórum trouxe alguns pontos importantes como o fato de só nos ser dado o espaço, ou de uma falta de política pública mais direcionada a cultura suburbana, não haver uma homogeneidade na forma de gestão dos mesmos, na opinião de vocês o que deveria ser feito para que os espaços públicos de cultura fossem mais acessíveis aos artistas locais?


CASARTI- Vontade política! Como fizemos no I Fórum de Políticas Públicas do Subúrbio – realizado no CASARTI – é só contar quantos centros culturais, museus e teatros, geridos pelo poder público existem na zona norte, oeste e baixada,  e comparar com a quantidade de equipamentos culturais no centro e na zona sul da cidade. No entanto, os shoppings continuam a proliferar por todo o subúrbio, zona oeste e baixada fluminense! É só contar... “Não os queremos aqui, vamos ganhar (muito) dinheiro com os suburbanos, lá, na zona que lhes pertence”.  O que parece é que eles não nos querem “sujando” suas ruas, calçadas, escadas rolantes, corredores, praças de alimentação... 

A cidade é palco dos megaespetáculos, megaprodutores e megadiretores.  Falta efetivamente uma política voltada (de verdade) para as regiões menos favorecidas. O poder  público está ausente há décadas nesta parte da cidade. As obras faraônicas continuam norteadas pelo fomento do “pão e do circo”.


LDF - Uma outra bandeira que consideramos muito interessante levantada pelo CASARTI refere-se a incentivo fiscal a casas, bares e similares que promovam cultura em seus estabelecimentos,  além destas que tipos de propostas de política pública o CASARTI sugeriria para melhoria da cultura no subúrbio?

CASARTI- A convocação de pessoas ligadas à cultura nesses bairros e municípios, que não estejam comprometidas com a mesmice, formar uma rede e pressionar as várias instâncias do Poder Público. Um espaço cultural tem, na nossa leitura, a função de transformar a realidade do espaço onde ele está.


LDF - O CASARTI sempre abraçou projetos legais do subúrbio, como o cineclube Subúrbio em Transe, o MPB de mesa, o Suburbagem,  C4, neste retorno e de endereço e cara nova, quais serão as novidades que o CASARTI pretende trazer ao Público frequentador e ao Artista independente?

CASARTI- A Maior novidade é o M.A.I.S. (movimento dos artistas independentes do subúrbio), que foi lançado em novembro de 2013, no bar da Lona Cultural João Bosco, em Vista Alegre. Vamos continuar com os projetos que você citou, além dos cursos pedagógicos e culturais: Clínica Pedagógica (reforço escolar, recuperação paralela, língua portuguesa e matemática para concursos), oficinas de artes plásticas e de violão.


Massari e Flávio Lima no novo CASARTI
LDF - Para quem quiser embarcar em um projeto cultural como o de vocês, como é montar e sustentar uma casa de cultura como o CASARTI com os próprios esforços e o próprio salário?


CASARTI- É barra pesada, mas a luta é prazerosa. Há que se ter determinação e força! Enquanto tivermos fôlego, vamos resistir, afinal, só de CASARTI são oito anos.  Se formos contar a totalidade do tempo em que nos dedicamos em fomentar a cultura no subúrbio carioca e a nossa luta pelo artista independente, lá se vão vinte e seis anos, desde o “Projeto Cantoria”.




LDF - O novo estabelecimento segue o mesmo conceito do antigo, ter o clima de uma casa tipicamente suburbana, como está sendo esta mudança de ares para vocês?


CASARTI- O novo espaço está muito bom, mais intimista, seguindo o mesmo conceito.  Afinal, nos manteremos sempre fieis à nossa proposta. Vamos inaugurar no dia 08 de fevereiro de 2014.


LDF- Como os leitores do Linhas de Fuga que queiram realizar projetos ou apenas curtir o centro cultural casa do artista independente pode fazer para conhecer o CASARTI?

CASARTI- Visitando a nossa sede, na rua Capitão Cruz, 923 – Cordovil, a partir do dia próximo 08 de Janeiro. Venham para assistirem nossos eventos ou para desenvolverem seus projetos e se tornarem nossos parceiros. A Casa do Artista Independente estará sempre aberta a propostas.


LDF - Gostaria de agradecer a vocês pela entrevista, e pelo espaço .




CASARTI-  Nós é que agradecemos por esse espaço, que é tão importante para a cultura carioca. O Linhas de Fuga, é um dos tambores do CASARTI. Estamos na mesma trincheira, valeu, mais uma vez.

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