Refletindo sobre o que está ocorrendo no centro da cidade do Rio de Janeiro, onde há uma manifestação permanente plural, anti-hierárquica, de estrutura horizontal que está se descobrindo como multidão penso na publicação desta pequena reflexão.
O Ocupa Rio conseguiu dar um primeiro passo que considero muito importante, a mudança das estruturas de relacionamento social.
Nossa sociedade cresce com base no temor comum, vivemos a sociedade do medo, da paranóia, dos controles constantes, fundamentada no entendimento de que devemos produzir respostas constantes a possibilidade de que um outro ser humano venha a nos destruir para que se constitua como potente.
O ocupa Rio nos produziu uma nova forma de compreensão de sociedade, produzindo na alma de uma praça cívica uma sociedade do desejo da vida, todos que estão lá, sejam quais forem seus ideais para lá ocupar, estão constituindo uma sociedade baseada no desejo humano (não digo sobre um desejo fetichista individual de querer algo só para si) mas no desejo de forma mais ampla, um desejo como uma busca constante, como um sentimento base de construção social que visa não manter-ser vivo, mas produzir vida.
Não criamos muros contra nosso vizinho, pois compreendemos que nosso vizinho está ali compondo potencia conosco.
Não tememos os que escondem a face, pois a ausencia de rostos não impede a cooperação na composição destas potencias.
Não construímos isolamentos em nossa mente para o que é novo, para o que talvez não consigamos compreender, pois é da singularidade do outro que somada a minha eu formo potencia. do comum.
Diferente da sociedade a qual o processo está inserido; o homem não tem desejos individuais e um medo comum, mas sim um desejo comum a todos e medos individuais que podemos, através da potencia gerada na construção do comum, trabalhar para extinguir.
Aos que duvidam que construir um mundo movido pelo desejo de viver aumenta a potencia vá no ocupa Rio; perceba a capacidade de construção social de um movimento que muitos disseram que não iria durar um dia, construindo em quase uma semana uma nova concepção de vida e novas ferramentas de luta.
Construir uma sociedade onde o desejo da vida supera o medo da morte é um anseio humano a muito tempo, um levantamento de Espinoza, um clamor de diversos , cujo um dos caminhos possíveis o Ocupa Rio começou a construir.
se puder leia uma das melhores reflexões sobre o que ocorre na cinelandia : http://ocupario.org/2011/10/26/produzir-o-dissenso-na-acampada/
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