Todo Mundo Vai ao Circo

Autor: Flávio Lima
Flávio lima é compositor, agente cultural e professor de geografia, atualmente milita com cultura e território pelo Centro Cultural Casa do Artista Independente e pelo M.A.I.S. – Movimento dos Artistas Independentes do Subúrbio.
Dentro de poucos dias o povo brasileiro vai votar. Vai obrigado, mas vai. Uns preferem ir cedo para se livrar o mais rápido possível do “dever”!?  “Cívico”!? Outros vão mais tarde, depois do churrasco. Todo mundo vai. O mais velho e o  mais  novo,  sem  distinção  de  classe  social,  etnia,  gênero  ou  credo  religioso,  exercer  o  seu  direito/dever  de democraticamente eleger os governantes e os legisladores do país.
 
A cidade está tomada por propaganda. Vias públicas, fachadas, bandeiras, galhardetes, santinhos... tudo alicerçado pelo  horário  eleitoral  gratuito  e  as  redes  sociais;  o  que  não  falta  é  informação.  No  entanto,  a  qualidade  da informação é na maioria das vezes questionável, duvidosa e o conteúdo extremamente prepotente.
 
As  mazelas  a  serem  resolvidas  são  as  mesmas.  Na  prática  os  problemas  expostos  ao  eleitor  são  os  de  sempre, sempre  porque  não  é,  não  foi  e  não  será  lucrativo  resolvê-los.  Como  propor  um  desenvolvimento  sustentável quando o consumismo compulsivo é estimulado? Como eliminar as desigualdades, se as campanhas são desiguais? Qual o gasto com a propaganda eleitoral? De onde vem o dinheiro? Pra onde vai? Em quem acreditar?
 
Na reta final de campanha, o que se vê é um amontoado de discursos, gingles e fantasias num desfile esquizofrênico, exótico e grotesco que contribui para o grande circo das Assembléias e do Congresso Nacional.  A superficialidade das propostas é assustadora, a discussão política é vazia, o teatro dos debates é ridículo, os atores são canastrões e aí,  quando  nada  é  solúvel  na  aridez  de  propostas  sérias  e  factíveis,  cresce  a  passos  largos  o  apelo  para  o sobrenatural, o intangível. Forças fundamentalistas se amontoam num mar de citações religiosas e tudo se resume no duelo entre o sagrado e o profano.
 
O que resta ao eleitor é escolher o menos ruim. A que ponto chegamos! Ou onde ainda estamos! É preciso cuidado. Trata-se  da  eleição  de  pessoas  que  vão  ditar  os  caminho  do  país.  Os  problemas  são  concretos  e  apelar  para  o fundamentalismo  é  um  recurso  perigoso,  além  de  covarde.  Como  diria  o  poeta:  “Êh  vida  de  gado”.  A  comitiva comandando o rebanho pelo pantanal das ruías em direção ao curral da urnas. Essas montanhas de hipocrisia não se removem pela fé. “É preciso estar atento e forte”, dizia outro poeta. Em poucos dias todos vão ás urnas, obrigados, mas vão. Em vão!?

Postar um comentário

0 Comentários